domingo, 14 de dezembro de 2008

2006

Muhammad Yunus
Muhammad Yunus (Chittagong, 28 de Junho de 1940) é um economista e banqueiro de Bangladesh.
Em 2006 foi laureado com o Prémio Nobel da Paz. É autor do livro Banker to the poor (em Portugal, O banqueiro dos pobres). Pretende acabar com a pobreza através do banco que fundou, do qual é presidente e o governo de Bangladesh é o principal accionista, o Grameen Bank, que oferece activamente microcrédito para milhões de famílias. Yunus afirma que é impossível ter paz com pobreza.
Muhammad Yunus formou-se em Economia em Bangladesh, doutorou-se nos EUA e foi professor na Universidade de Dhaka. Em 1976, constatou as dificuldades de pessoas carentes em obter empréstimos na aldeia de Jobra, num Bangladesh empobrecido e recém-separado do Paquistão. Por não poderem dar garantias, os bancos recusavam-lhes as pequenas quantias que permitiriam comprar materiais para trabalhar e vender, e os usurários taxavam os empréstimos com juros altos.
Muhammad Yunus criou então o Banco Grameen, que empresta sem garantias nem papéis, sendo, sobretudo, procurado por mulheres: elas são 97% dos 6,6 milhões de beneficiários. A taxa de recuperação é de 98,85%.
A palavra "microcrédito" não existia até a década de 1970. Yunus cunhou-o para designar um tipo muito específico de crédito, que ele concebera, e cujo objecto principal não são os pequenos produtores, mas sim as populações pobres, que não têm, absolutamente, acesso a qualquer outro tipo de crédito.
Yunnus concebeu, e conseguiu implantar, a mais conhecida e bem-sucedida experiência de microcrédito do mundo. Yunus iniciou-a em 1976, concedendo empréstimos de pequena monta, com seus próprios recursos, para famílias muito pobres de produtores rurais, focalizando-se principalmente nas mulheres. Os bons resultados obtidos nessa primeira fase do projecto levaram-no a expandir as suas operações com recursos de terceiros.
Yunus atribui a origem de sua visão a um encontro fortuito, em Jobra, com Sufia Begum, uma jovem de 21 anos que lutava desesperadamente para sobreviver. Para poder trabalhar Sufia tinha tomado emprestado cerca de 25 centavos de dólar americano a um agiota de seu bairro, que lhe cobrava juros de 10% ao dia. Com esse dinheiro, Sufia comprava bambu para fazer tamboretes. De acordo com o "contrato de empréstimo", Sufia era obrigada a vender seus tamboretes exclusivamente ao agiota que lhe financiara e que pagava um valor muito abaixo do valor de mercado. Assim Sufia conseguia obter um "lucro" de cerca de 2 centavos de dólar. Para todos os efeitos a condição de trabalho de Sufia era equivalente à de escravo.
Yunus encontrou 42 mulheres em Jobra nas mesmas condições e resolveu, ele mesmo, emprestar-lhes seu próprio dinheiro a taxas bancárias normais. Inicialmente emprestou 27 dólares, aproximadamente 62 centavos por tomadora.
Surpreendentemente, Yunus recebeu de volta, com pontualidade, o capital e os juros de todos os empréstimos que fizera Isso lhe deu a idéia que talvez fosse possível expandir esse processo.
Explica Muhammad Yunus:
O "Grameencredit" (crédito do Banco Grameen) baseia-se na premissa de que os pobres têm habilidades profissionais não utilizadas, ou subutilizadas. Definitivamente não é a falta de habilidades que torna pobres as pessoas pobres. O Grameen Bank acredita que a pobreza não é criada pelos pobres, ela é criada pelas instituições e políticas que o cercam. Para eliminar a pobreza, tudo o que temos de fazer é implementar as mudanças apropriadas nas instituições e políticas, e/ou criar novas instituições e políticas (...) o Grameen Bank criou uma metodologia e uma instituição para atender às necessidades financeiras dos pobres e criou condições razoáveis de acesso a crédito, capacitando os pobres a desenvolverem suas habilidades profissionais para obter uma renda maior a cada ciclo de empréstimos.

Características gerais do microcrédito (no conceito de Yunus):
O "Grameencredit":
a) Promove o crédito como um dos direitos humanos;
b) Sua missão principal é auxiliar as famílias pobres a se ajudarem a superar a pobreza. É dirigido aos mais pobres, especialmente às mulheres pobres;
c) Uma das características mais destaca o "Grameencredit" é que não é baseado em qualquer garantia real, nem em contratos que tenham valor jurídico. É baseado exclusivamente na confiança, e não no Direito ou em algum outro sistema coercitivo.
d) É oferecido no intuito de gerar auto-empregos, fomentando actividades que criem rendas para os pobres, ou ainda para a construção de sua habitação, ao contrário dos empréstimos destinados ao consumo;
f) Oferece seus serviços na porta da casa dos pobres, adotando o princípio de que as pessoas não devem ir ao banco mas sim o banco às pessoas;
m) A prioridade do "Grameencredit" é construir o "capital social". Isso é obtido pela criação de grupos e centros, destinados a desenvolver lideranças. O "Grameencredit" dá uma ênfase toda especial à "formação do capital humano" e à protecção do meio-ambiente.

O bengalês Muhammad Yunus, que foi anunciado nesta sexta-feira como o ganhador do Prêmio Nobel da Paz junto com seu banco, o Grameen, é conhecido como "o banqueiro dos pobres" e considerado o grande mentor do microcrédito destinado aos desfavorecidos de Bangladesh.Professor de economia, Yunus começou a combater a pobreza após uma mortífera fome que assolou seu país. Em 1976, fundou um pequeno banco que se propunha a oferecer acesso ao crédito aos mais pobres.O conceito do banco Grameen (que significa povoado) foi exportado para mais de 40 países.Os camponeses que têm acesso aos microcréditos compram equipamentos e obtêm maior autonomia, acrescenta.Alguns especialistas criticam o microcrédito, julgando que ele deixa de lado os "mais pobres entre os pobres".Bangladesh é um dos países mais pobres do mundo, com uma renda per capita anual de cerca de 250 dólares.Nascido em 1940 em Chittagong, Muhammad Yunus é o terceiro de uma família de 14 filhos, dos quais cinco morreram nos primeiros anos. Yunus disse à rede pública de TV norueguesa NRK, por telefone, que está "encantado, muito encantado" com o prêmio. "Vocês estão apoiando o sonho de obter um mundo sem pobreza", acrescentou.Ao dar o Nobel a um lutador contra a pobreza, os cinco sábios noruegueses ampliaram de novo o campo para os prêmios da paz, que nas últimas décadas foram concedidos aos direitos humanos ou à defesa do meio ambiente.O Nobel da Paz - um diploma, uma medalha de ouro e um cheque de 10 milhões de coroas suecas (1,1 milhão de euros) - será entregue em Oslo no dia 10 de Dezembro, data do aniversário da morte de seu fundador, o filantropo sueco Alfred Nobel, inventor da dinamite.

Sem comentários:

Enviar um comentário